quinta-feira, 21 de março de 2013

História da Moda


O começo de tudo

A História da Alta-Costura
1900 - 1909

A Alta costura francesa vive os seus primeiros momentos triunfais ao entrar em cena na Exposição Mundial de 1900, em Paris, No Pavillon de l'Élégance, alguns costureiros consagrados, entre eles, Worth e Doucet, apresentam as suas criações caras, vestidas por estrelas do mundo do espetáculo, como Duse e Sarah Bernhardt, a um público internacional estupefacto.
 Paris torna-se, durante um século, o centro mundial da moda, e não é por acaso que esta reputação acompanha a ascensão dos estilistas.
Naquela época eram conhecidos como couturiers. Eram criadores e artistas, gênios de relações públicas e entertainers, apresentadores independentes e encenadores, caso se quisessem destacar da massa dos artesãos qualificados.

Na verdade, foi um inglês o fundador da alta costura francesa. Após uma formação de sete anos na atividade têxtil de Londres, Charles Frederick Worth, 20 anos, veio para Paris.

Charles Frederick Worth
              

 Treze anos mais tarde, em 1858, fundou a sua casa de costura na Rue de la Paix, com o sueco Boberg, seu sócio. A partir de 1871, dirigiu a casa de costura sozinho. Worth foi o primeiro a atribuir a si mesmo o estatuto de celebridade - começou por assinar os seus vestidos como se fossem obras de arte. Além disso, apresentava as suas novas coleções anualmente, introduzindo assim mudanças constantes na moda de forma a promover as vendas - uma novidade pioneira da qual os estilistas beneficiam ainda hoje.
Monsieur Worth trouxe simplesmente à crinolina que, até então, tinha um aspecto desconfortável, uma forma mais agradável, alisando a parte dianteira das saias e arrepanhando o tecido de trás. A partir daí desenvolveram-se as saias em arco.



Não era o século XIX, mas o século XVIII que ainda influenciava e incitava à imitação. O mundo da alta costura era (e continua a ser) dominado por homens. E estes achavam que o corpo feminino deveria ser apertado e enchumaçado, para corresponder a idéia de uma ampulheta: docemente frágil na cintura, exuberante em cima e em baixo. De perfil desenhava-se um S à custa de espartilhos e enchumaços, que acentuavam as curvas.
Para se despir uma mulher, teria dito Jean Cocteau, "é necessário passar por uma tarefa árdua, comparável à tomada de uma fortaleza". Alguém o deve ter revelado àquele espírito sensível de tendências homosexuais, provavelmente a escritora francesa Colette, uma defensora veemente de todos os prazeres do corpo, igualmente interessada em ambos os sexos.

O estilo de Worth: colarinhos estreitos e comprimidos, de preferência com pontas fixas, exigiam uma posição direita da cabeça, em cima da qual balançavam chapéus com guarnições exuberantes como as aplicações de pesadas plumas de avestruz, o adorno mais desejado. O corpo do vestido, finalmente recortado, era usado sobre espartilhos de espinha de peixe, cobertos por um cache-corset. Mangas de gigot: abalonadas nos ombros, presas no cotovelo, justas até o pulso lembrando a perna de um cordeiro. As mangas terminavam só no início dos dedos, porque as senhoras chiques mantinham-se tanto quanto possível tapadas, de preferência das orelhas às pontas dos pés. A saia era comprida, até ao chão, com ancas amplas e caindo graciosamente e em forma de sino junto à bainha, guarnecida com pregas traseiras que terminavam muitas vezes numa pequena cauda. Para dar mais harmonia à silhueta, contrabalançando com os derrièrres exagerados, o chapéu era colocado ligeiramente para a frente sobre os cabelos penteados ao alto.




 

Os sapatos ou os botins eram bicudos e apresentavam um salto de tamanho médio e barroco.
Os acessórios imprescindíveis eram as meias de seda, que os olhos apenas podiam imaginar, e as luvas justas que se encarregavam de não deixar que as mãos nuas fossem vistas fora de casa. Os vestidos de noite decotados exigiam luvas suficientemente compridas, a ponto de cobrir o antebraço - não é de admirar que um bocadinho de pele descoberta ou a miragem de um tornozelo elegante excitasse os homens.
Durante o dia usavam-se tecidos como o linho, o veludo e a lã trabalhada, enquanto as cores mais frequentes consistiam em tons pastéis claros ou apagados, como o cor-de-rosa, o azul ou o violeta. Tentava compensar-se a simplicidade dos cortes com ornamentos bastante vistosos: franjas e fitas, pregas e laços, aplicações. À noite tinha de se usar seda e renda, musselina, tule, chiffon, cetim e crepe-da-china, dispendiosamente bordados e enfeitados - e geralmente com decotes profundos. O adorno da década eram as pérolas, usadas nas orelhas em forma de gotas, ou em colares longos com uma volta apenas (sautoir) ou usadas como gargantilha de várias voltas justa ao pescoço.
Worth combinou a técnica inglesa de corte com a elegância francesa.
Assim se equipava a femme ornée da Belle Époque. Mas a femme liberé, pressionada pelas novas tendências de libertação, já se fazia adivinhar. No entanto, ninguém percebeu tão bem esta revolução como o costureiro Paul Poiret. 

A bailarina Isadora Duncan
                                                          

Isadora Duncan
                                                                   

Isadora Duncan
                                                                  

A bailarina Isadora Duncan fez mais pela libertação da mulher do que qualquer costureiro. Paul Poiret nunca teria conseguido levar a sua batalha contra o espartilho se bailarinas como Duncan, Mata Hari e Loie Fuller não tivessem exibido seus corpos na dança do véu.

Mata Hari
                                                                       

Mata Hari
                                                                    

Mata Hari
                                                                       

Loie Fuller
                                                                    

Loie Fuller
                                                                     

Loie Fuller